Indicação de Série

Tenho uma dica para você hoje: o episódio 7 da segunda temporada da série Modern Love (tem na Amazon Prime). Como os episódios são independentes, você não precisa assistir os anteriores para entendê-lo. E cada um mostra uma história de amor com diferentes personagens e narrativas, seja de casal ou não.

O episódio se chama “Como você se lembra de mim?”. Achei interessante e bonito. Indiquei a vocês, porque mostra algo muito comum da relação humana: nem sempre o que eu entendi e vivi sobre uma situação é o mesmo que o outro viveu e compreendeu. Como lembro do outro pode ser diferente de como ele lembra de mim.

A história começa com dois homens se encontrando acidentalmente na rua e somos transportados ao passado deles para entender como eles se conheceram, se relacionaram e o porquê de não ter dado certo. As perspectivas dos dois vão se alternando ao longo do episódio entre passado e presente.

Podemos seguir por vários caminhos de análise dessa trama, mas vou fazer o recorte de um ponto que gostaria de discutir aqui: o tal do mecanismo chamado de projeção. Assim como um retroprojetor de cinemas que joga a imagem que ele contém para a tela, fazemos isso com o outro: podemos colocar nossas expectativas, o que eu acho que sei sobre o que o outro pensa e sente por mim em cima dele, achando que os comportamentos do outro são sobre isso que acredito.

Nós temos um mundo vivo dentro da gente, cheio de emoções, pensamentos, ideias, símbolos formados ao longo de nossa história. E quando a outra pessoa age, toca dentro de nós nesse emaranhado de coisas. O que aconteceu fora, passa pelo nosso filtro próprio interno e fazemos nossa tradução do que está acontecendo. Por isso, o que eu vivo pode ser tão diferente do que o outro vive. Por isso as coisas podem ser mais complexas do que quem está certo e do que quem está errado na história. Os acontecimentos podem conter diferentes verdades.

Então, uma memória do passado sobre si mesmo e sobre o outro pode ser diferente de como esse outro se recorda. Na série, cada um relembra à sua maneira. Mas há pontos em comum, o abraço afetuoso que se dão num momento de dor e o fato de que se lembram um do outro: ficaram registrados e tiveram a sua importância naquele encontro.